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Tripla jornada: o estresse invisível que potencializa a TPM e eleva risco de Burnout feminino

A sobrecarga crônica de responsabilidades, conhecida como a “tripla jornada” que engloba trabalho remunerado, tarefas domésticas e cuidados com os filhos , tem sido associada à intensificação de sintomas negativos da tensão pré-menstrual (TPM) e ao risco de transtornos mentais em mulheres.

Pesquisas sobre saúde feminina e a divisão sexual do trabalho indicam que o acúmulo de funções, marcado pela invisibilidade e pela baixa gratificação do trabalho de cuidado e do lar, gera um estresse crônico que afeta diretamente o bem-estar psicológico e físico.

No Brasil, estudos como o da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estimam que cerca de 80% das mulheres que menstruam já experimentaram sintomas de TPM, que se manifestam de diversas formas, como irritabilidade, fadiga, dores de cabeça e alterações de humor.

A exaustão da tripla jornada soma-se a essa flutuação hormonal, potencializando sentimentos de instabilidade afetiva e esgotamento. O estresse crônico é, inclusive, um fator que pode interferir no equilíbrio hormonal.

A combinação entre a pressão social para “dar conta de tudo” e a sobrecarga diária eleva o risco de adoecimento psíquico. Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que 45% das mulheres brasileiras relatam sintomas de burnout, um esgotamento físico e emocional intensificado pela sobrecarga. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que mulheres têm 50% mais chances de sofrer de burnout do que os homens.

O contexto de vida da mulher moderna funciona como um catalisador que amplifica tanto a tensão pré-menstrual quanto o estresse crônico. Estudos apontam que a alta sobrecarga doméstica e de cuidados está associada a uma maior prevalência de transtornos mentais comuns (TMCs).

A sobrecarga é ainda mais evidente quando se observa a desigualdade de gênero, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que mulheres que têm uma ocupação dedicam, em média, 6,8 horas a mais por semana aos serviços domésticos do que os homens. Essa assimetria no trabalho não remunerado agrava a falta de tempo para autocuidado, intensificando o ciclo de estresse e exaustão.