O governo do ex-presidente Donald Trump planeja anunciar nesta segunda-feira (22) uma recomendação para que mulheres grávidas evitem o uso de Tylenol, medicamento cujo princípio ativo é o paracetamol, sob a justificativa de um suposto risco aumentado de autismo em crianças. A informação foi publicada pelo Washington Post, que cita fontes não identificadas próximas à decisão.

Segundo o jornal, a orientação será para que o remédio seja utilizado durante a gestação apenas em casos de febre. A medida deve gerar forte repercussão, já que o Tylenol é um dos analgésicos mais populares do mundo, vendido sem necessidade de prescrição médica.

Falta de respaldo científico

Até o momento, não há evidências científicas que confirmem uma relação entre o paracetamol e o desenvolvimento de autismo. Uma série de estudos recentes reforça essa conclusão. Em 2024, pesquisadores analisaram registros de quase 2,5 milhões de irmãos nascidos na Suécia entre 1995 e 2019 e não encontraram aumento no risco de autismo associado ao uso do medicamento durante a gravidez.

Ainda no fim de 2023, uma juíza norte-americana rejeitou as provas apresentadas em processos judiciais que alegavam que o consumo pré-natal de Tylenol teria causado autismo em crianças. Para a magistrada, os dados apresentados não tinham validade científica suficiente para sustentar as acusações.

Impacto no mercado

O tema tem sido acompanhado de perto pelo setor farmacêutico. Uma reportagem anterior sobre possíveis vínculos entre o paracetamol e o autismo chegou a provocar queda nas ações da Kenvue, empresa responsável pela fabricação do Tylenol.

O que dizem especialistas

Autoridades médicas e entidades de saúde reforçam que, até o momento, não existe comprovação científica que justifique restringir o uso do paracetamol na gravidez, salvo em situações específicas já previstas em orientações médicas. O fármaco é amplamente recomendado por especialistas como uma das opções mais seguras de analgésico e antipirético durante a gestação.