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Deputado do PL pede “reação” das Forças Armadas e cita 1964 ao criticar tornozeleira em Bolsonaro

O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) gerou controvérsia nesta sexta-feira (18) ao fazer um apelo público às Forças Armadas, durante uma coletiva de imprensa promovida pela bancada de oposição no Senado. A manifestação ocorreu em resposta às medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Entre as determinações da Corte estão o uso de tornozeleira eletrônica, restrições de deslocamento e a proibição de acesso às redes sociais. Para o parlamentar, as medidas representam uma “perseguição política” e justificam uma reação das Forças Armadas, que ele convocou a “estar ao lado do povo brasileiro”.

Menção ao golpe de 1964 gera críticas

Durante sua fala, Chrisóstomo, que é ex-militar, resgatou com orgulho o golpe militar de 1964, que deu início à ditadura de 21 anos no Brasil. “Eu me orgulhava das Forças Armadas, me orgulhei das Forças Armadas em 1964, embora ainda fosse criança. Hoje eu quero dizer: Forças Armadas, estejam ao lado do povo brasileiro. Estejam ao lado da democracia”, declarou.

A menção ao golpe provocou desconforto até mesmo dentro do próprio partido. Lideranças do PL trataram a declaração como uma opinião pessoal do deputado, e não como uma posição oficial da legenda.

Críticas à imprensa e ao Judiciário

Além do apelo às Forças Armadas, Chrisóstomo também criticou fortemente o Supremo Tribunal Federal e a imprensa brasileira. De acordo com ele, os veículos de comunicação deveriam “agir a favor do povo”, como, segundo sua interpretação, teriam feito em 1964.

“Chega de perseguição. O Brasil quer paz, não perseguição”, concluiu o deputado, reforçando sua crítica à atuação do Judiciário.

Repercussão e contexto

A declaração de Chrisóstomo repercute em meio a um clima de crescente tensão entre aliados de Bolsonaro e o Poder Judiciário. A nova rodada de investigações contra o ex-presidente, autorizada por Moraes, inclui a apreensão de equipamentos eletrônicos e documentos, além da imposição de medidas restritivas a figuras ligadas ao núcleo bolsonarista.

O líder do PL no Senado, Carlinhos Portinho, comentou as falas do colega de partido, defendendo a liberdade de expressão, mas reforçando que a legenda não endossa referências ao regime militar. A expectativa é de que o episódio seja debatido internamente, já que toca em temas sensíveis como o papel das instituições democráticas e o respeito à Constituição.