Uma cena comovente e carregada de tensão foi registrada na noite do último sábado (14), na região da Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre. Em um ato de desespero, produtores rurais se ajoelharam no meio da estrada, bloqueando a passagem de viaturas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Polícia, em uma tentativa de impedir que seus animais apreendidos fossem retirados da área.
As imagens do protesto mostram homens e mulheres ajoelhados, visivelmente abalados, clamando por respeito e por um mínimo de escuta por parte das autoridades. O bloqueio teve como objetivo interromper a remoção dos animais de produtores que vivem há anos na região e que, segundo eles, não têm tido oportunidade de defesa ou diálogo com os órgãos ambientais.
De acordo com relatos de moradores, famílias inteiras têm sido surpreendidas com ações de fiscalização que resultam em apreensões de gado e ameaças de retirada forçada, mesmo de pessoas que nasceram e construíram sua vida na reserva. A revolta é motivada, principalmente, pela ausência de uma mediação entre as comunidades locais e o poder público.
O caso ocorre em meio a uma crescente onda de protestos em Xapuri, onde produtores rurais vêm se mobilizando contra o que consideram ações arbitrárias e desumanas, exigindo a revisão da legislação ambiental aplicada na área e a construção de alternativas viáveis que não resultem em expulsões ou perdas econômicas irreversíveis.
A Reserva Extrativista Chico Mendes foi criada com o objetivo de preservar a floresta e proteger comunidades tradicionais, mas moradores alegam que, atualmente, as regras ambientais têm colocado em risco justamente os extrativistas e pequenos produtores, que vivem da terra de forma sustentável.
Até o momento, o ICMBio e o Governo Federal não se pronunciaram oficialmente sobre a situação. Lideranças locais e advogados que acompanham os casos defendem a suspensão das ações de retirada até que haja diálogo efetivo entre as partes envolvidas.
A tensão permanece na região, enquanto as famílias aguardam uma resposta das autoridades e cobram o fim das medidas que, segundo eles, estão sendo aplicadas sem humanidade, sem escuta e sem justiça.